23 maio 2010

O SAMBA NÃO PODE PARAR


O domingo 16 de maio, marcou a agonia de um espaço com 34 anos de tradição: o bar da Dona Mocinha.
Há algum tempo afastada do comando de sua casa pela saúde fragilizada por uma intensa diabete e um coração que já não agüenta muitas emoções, o espaço construído por ela como um local de resistência sofreu um ataque traiçoeiro do pagode eletrônico. Para surpresa dos assíduos freqüentadores, o local estava ocupado por um grupo de jovens pagodeiros com suas caixas acústicas e suas músicas comerciais.
Uma cena patética presenciada por intelectuais, músicos, turistas, gente do samba, incluindo o compositor Leandrinho da escola de Samba Acadêmicos da Grande Rio (em visita a Fortaleza), que tocou, cantou e chorou testemunhando o triste espetáculo de um samba em agonia. No próximo domingo (23/05) às 20 horas os sambistas voltarão a ocupar a pracinha da Merda para fazer o “samba derradeiro,” a despedida do Bar da Dona Mocinha, um espaço que se fragilizou junto com sua saúde (talvez a grande Dama nem possa saber deste fato). Repasse este email para seus contatos que gostam do samba no gogó e prezam um bom samba. Mande este email para os jornalistas e para os meios de comunicação para que registrem o fim de um samba de 34 anos. Peça aos seus amigos músicos que levem seus instrumentos. Apareça. Por Pedrina de Deus.
Surpresa, inclusive, para os músicos que todos os domingos tocam na casa. Estes, literalmente, colocaram a “viola no saco”, pois não foram avisados que a partir deste domingo a música da Dona Mocinha mudaria de perfil por decisão intempestiva do filho que é o novo administrador. As caixas de som (alta, estridente e com microfonia) substituíram a voz dos sambistas. Será que, no seu merecido repouso, Dona Mocinha sabe que sua casa que foi resistência do samba sucumbiu?
É preferível não saber, pois seu frágil coração não aguenta mais este golpe na cultura popular de Fortaleza?
Os sambistas tradicionais desiludidos e decepcionados com a surpresa foram aos poucos ocupando a Pracinha da Merda e lá fizeram samba “no grito” tentando abafar as possantes e desafinadas caixas de som. Na pracinha da Merda, sem mesa, sem cadeira, sem estrutura, em pé, os sambistas cantaram “não deixe o samba morrer”.

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